Alimentação de crianças e adolescentes vulneráveis pode ser afetada com escolas fechadas
A situação de insegurança alimentar
de crianças e adolescentes pode ser agravada com as escolas fechadas. Dados de
um levantamento feito pelo Unicef apontam que em todo o País, entre as famílias
que recebem até um salário mínimo, 42% deixaram de ter acesso à merenda escolar
na pandemia, fundamental para garantir a segurança alimentar de crianças e
adolescentes em situações de vulnerabilidade.
A pensionista Maria Célia de
Oliveira, de 53 anos, é moradora do município cearense de Tauá, no sertão dos
Inhanuns. Ela conta que cuida dos netos, Maria Sofia Nunes, de cinco anos; e
Kauan Inácio da Silva, de 13. Célia afirma que recebeu o kit com alimentos da
alimentação escolar por cinco vezes, mas considera que os itens recebidos não
são equivalentes à alimentação que as crianças recebiam durante as aulas
presenciais.
“O kit era composto por um macarrão,
cuscuz, iogurte, bolacha e arroz. Mas você acha que esse kit dá para uma
criança se alimentar durante o mês inteiro? Se na merenda escolar costuma ter
sopa, comida com carne ou frango, por que que não vem esses alimentos no kit?
As crianças merecem comer coisas boas”, relata.
A chefe de Saúde do Unicef no Brasil,
Cristina Albuquerque, destaca a importância de ações emergenciais voltadas à
garantia da alimentação de crianças e adolescentes, em especial aos que vivem em
situação de vulnerabilidade. Nesse sentido, ela afirma que o País deve dar mais
apoio a serviços que auxiliam ações voltadas à questão nutricional.
“Devemos focar nas famílias mais
vulneráveis. Elas não podem ficar passando fome. Com isso, temos uma outra
questão, que é os serviços da atenção primária à saúde voltarem a funcionar
para monitorar as crianças dessas famílias, o estado nutricional e ajustar suas
políticas. Isso é uma prioridade. Falar em acesso a alimento é falar em uma
questão constitucional”, considera.
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